Alice
March 31, 2007, 10:07 am
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Já faz muito tempo que eu invejo o Lewis Carroll, com aquela inveja boa de ter. Teve uma época em que eu sonhava sempre com a Alice. A Alice dos meus sonhos pingava sangue, sei lá porque, mas ela pingava sem parar. Era o coelho que perseguia ela, seguindo o rastro de sangue que ela deixava por onde passava. Acho que um dia vou fazer a minha versão de Alice no País da Maravilhas, despretenciosamente é claro, pois o resto do sonho era muito classe. Tinha até um final.

A Alice é um símbolo de pureza pra maioria das pessoas, o que a torna totalmente subversiva. Lewis Carroll teve a manha.

Abraço

R. Grampá



Line crisis
March 29, 2007, 9:06 pm
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As vezes a mente manda e a mão não obedece. Isso acontece bastante quando você é adolescente e, de repente, a mão boba entra em ação, mesmo você fazendo força pra ter respeito com a bunda da menina. Essa mesma briga entre Mente x Mão existe sempre com quem depende das duas. Parece que elas fazem um complô contra o patrão, que adoram ver o coitado enchendo a cara por causa da crise do traço. Parece uma grande bobagem, mas essa crise acontece de tempos em tempos com quem desenha e quer fazer algo seu, sem copiar traços prontos por aí ( ter referências é uma coisa, copiar é bem outra).

Na crise vemos defeito até naquilo que você ainda nem desenhou. Mas, de repente, a Mente e a Mão sentem peninha do patrão e voltam a obedecer. Aí a gente percebe que a crise é realmente aquela grande bobagem e dá risada.

O desenho aí de cima foi numa dessas crises. Dessa vez foi porque eu estava achando o meu traço duro demais nas páginas e resolvi soltar. Gostei do resultado da mão solta e agora as páginas ficarão um pouco mais soltas também. Bem mais legal de desenhar.
Seria tão bom se todas as crises fossem resolvidas assim, num traço de nanquin.

Abraço

R. Grampá



Newsarama
March 23, 2007, 7:43 pm
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I gave an interview to Chris Arrant from Newsarama. He is a really nice guy. You can see the interview here.

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O Chris Arrant é um cara super legal. Ele escreve pro Newsarama. Pra quem não conhece, vale a pena entrar lá, pois é um dos sites mais respeitados sobre HQ mainstream, senão o mais respeitado. Ele me pediu uma entrevista pro site, fiquei muito lisonjeado com isso. A entrevista saiu hoje. Quem não leu pode ler clicando aqui.

Hoje foi um dia muito legal. Quero ter dias assim mais vezes!

A imagem acima é uma versão de cor de uma das páginas que eu disponibilizei pro Newsarama. Ainda não decidi a palete…existem cores demais no mundo pro meu gosto.

Abraço

R. Grampá



Indivisível
March 19, 2007, 8:39 pm
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Não adianta, não tenho esse desapego todo. Por mais comercial que seja o trabalho, ponho empenho, criatividade e amor nele. Tenho sorte e azar de trabalhar com o que eu amo. Isso pode ser uma faca de dois gumes, pode frustrar muito e ao mesmo tempo te dar aquela vontade de bater no peito dizendo: “Eu fiz isso”! O certo, segundo os experiêntes, é saber dividir trabalho e projetos pessoais como opostos. Afinal, depois que eu resolvo vender o que eu faço ele não é mais meu e o que cliente pode fazer o que bem entender com ele. Mas não adianta, posso até ter alguma experiência no que eu faço, mas não aprendo, ponho o amor em tudo. Faço os trabalhos comerciais e os projetos pessoais do mesmo jeito ( tudo bem que sempre existe um ou outro cliente que merecem apenas uns 20% do seu trabalho, mas mesmo nesses 20% tem uma grande parcela de amor pelo que eu faço ). E é óbvio que qualquer trabalho pessoal dá mais satisfação e liberdade que trabalhos comerciais, mas existe uma singela divisão entre os dois, pois se trata de fazer mesma coisa, desenhar. Acho que atores, diretores, músicos e escritores e artistas em geral sentem a mesma coisa.

Pois é, acho que vou ter que cobrar pelo trabalho e pelo amor que eu ponho nele.

O trampo aí de cima é um style-frame pra um filme que não aconteceu, mas que se tivesse acontecido, teria que renegociar a grana, pois ainda não tinha tido a grande idéia de cobrar pelo amor, que nesse caso levaria uma boa parte do budget!

Abraço

R. Grampá



Lápis
March 13, 2007, 8:32 pm
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As vezes me dá vontade de fazer tudo só a lápis, sem arte final. Tem vários artistas europeus, americanos e japoneses que fazem isso bem. Parece que fica tudo mais orgânico, mais “artistico”. Eu adoro ver um quadrinho assim.

Mas não adianta. Já entrei num barco que vai pra outro rumo. Talvez num próximo projeto o lápis seja a única ferramente.

Abraço

R. Grampá



flores
March 11, 2007, 2:04 pm
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Flores para a minha Cacá.

Ela é o meu chão, meu norte, me ajuda a ficar no lugar certo, no meio dessa bagunça toda, e por causa dela eu sou inteiro.

Desenhei essas flores aí de cima pensando que ela ia gostar.

Abraço

R. Grampá



Personagens 02
March 9, 2007, 6:10 pm
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Do primeiro lampejo de imaginação até o exagero daquilo que está prestes a existir, em dois tempos.

Primeiro o shape do personagem toma forma. As características que você faz questão de que façam parte dele é a única coisa que você ainda vai preservar em todas as próximas versões. Depois do primeiro rabisco feito, você já sabe o que precisa adicionar ou excluir. Chegará a hora que você vai ter certeza de como será representado seu personagem – certeza ilusória na verdade, pois o personagem vai mudar sempre, da primeira página a última, evoluindo ( sei disso porque sou um bom observador )- e você vai sentir a nescessidade de ir além, de exagerar as características, o traço, o shape, pra continuar tendo a certeza ( ilusória ) de que era o meio termo, o equilíbrio, que era mesmo o definitivo.

E tudo isso sem pensar demais, pois o seu personagem já existe, antes mesmo de você resolver desenhá-lo, numa dessas dimensões por aí.

Abraço

R. Grampá



Personagens
March 6, 2007, 10:58 pm
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Um personagen surge do suco de tudo o que você está pondo para dentro do liquidificador da sua mente num determinado momento. O que você está lendo, ouvindo, assistindo, pensando, vivendo. Se você está curtindo música sertaneja, assistindo filmes de terror e lendo um livro de ficção científica, com certeza isso tudo vai te influenciar na hora de criar o seu personagem ( bom, original pelo menos eu garanto que ele iria ficar ). Tudo bem que as vezes somos brifados para criar um tal personagen, mas quando o personagem é seu, ele não vai escapar das suas referências. O seu personagem é o que você come!

No meu caso, consumi muito Bud Spencer, Popeye, Além da Imaginação, Hellacopters, Sergio Leone, Suehiro Maruo, Chris Ware e Lobo Solitário nos últimos tempos. Misturei um Rum daqueles bem desgraçados e mandei pro liquidificador!

Abraço

R. Grampá